“Ler é mais que um evento técnico para mim. É algo que coloca meu corpo consciente em ação. Eu devo ser o sujeito, com o professor, do meu ato de ler e
escrever e não um mero objeto do ensino de como ler e escrever. Eu devo saber!
Preciso colocar em minhas mãos o processo de ler e escrever.” (Freire, 1995)
Para a criança conquistar uma boa alfabetização, é preciso que ela tenha internalizado a noção de consciência fonológica. Quando alcança essa noção, é capaz de associar que várias palavras podem ter os mesmos sons. Por exemplo, compreende que o “ca” de caneca é igual ao “ca” de cavalo.
Nesta metodologia, o aluno entende que a língua falada pode ser escrita. Nesse momento, as crianças começam a conhecer os fonemas e seus desdobramentos, ao invés de conhecer só o alfabeto.
A alfabetização do CEL se dá com a utilização de material próprio, com base no método fônico, onde o aluno é motivado, por meio de palavras-chave, retiradas de um contexto, estimulando sua curiosidade para novas descobertas no mundo da leitura e da escrita.
Esse processo de alfabetização do CEL inicia-se justamente trabalhando os fonemas com o Jogo das Palavras de forma lúdica e convidativa. Este jogo possibilita que o aluno compreenda como funciona a formação das palavras. Por exemplo, a criança começa a perceber que dentro da palavra “Cavalo” encontra-se a palavra “ vaca”. Assim, as crianças passam a compreender que as sílabas se movimentam.
A partir de um viés psicopedagógico, se sabe que: “Nas brincadeiras, as crianças podem desenvolver algumas capacidades importantes, tais como a atenção, a imitação, a memória, a imaginação” (Brasil, 1998, p. 22).
Ao chegar no primeiro ano, as professoras conduzem a aprendizagem através da viagem dos personagens Mauro e Maria, incorporando paulatinamente palavras geradoras (mala, caneca, lua, violão, navio, etc.) que irão possibilitar a construção de novas palavras e levando, consequentemente, o aumento do vocabulário.
O objetivo deste processo é mostrar, concretamente, que as palavras não são soltas, fazem parte de um contexto, contendo sempre uma história.
“Assim, vemos como a leitura é uma questão de estudar a realidade que está viva, a realidade em que vivemos, a realidade como história sendo feita e também nos fazendo. Podemos ver também como é impossível ler textos sem ler o contexto do texto, sem estabelecer as relações entre o discurso e a realidade que molda o discurso. Isso enfatiza, acredito, a responsabilidade que envolve a leitura de um texto. Devemos tentar ler o contexto de um texto e também relacioná-lo ao contexto em que o estamos lendo. E, assim, a leitura não é tão simples. A leitura medeia o conhecimento e também é saber, porque a linguagem é conhecimento e não apenas mediação de conhecimento.” (Freire, 1995)
A aquisição da leitura e da escrita é um marco, visto que se abrem as janelas para o mundo e, por esse motivo, nós celebramos esse momento com uma linda cerimônia! Confira alguns momentos muito especiais dessa conquista!
FREIRE, P. Lendo a palavra e lendo o mundo: uma entrevista com Paulo Freire. Language Arts, Vol. 62, No. 1, Making Meaning, Learning Language, 1985. pp. 15-21 PT ENG